TEMPO/ESPAÇO - capítulo 3 do livro "Modernidade Líquida" de Zigmunt Baumman.
download do pdf do texto aqui.
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quinta-feira, 19 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
metrô - Tatuapé - SP [Marcelo Maia, 2006] from Marcelo Maia on Vimeo.
“O encontro de estranhos é um evento sem passado. Freqüentemente é também um evento sem futuro (o esperado é não ter futuro), uma história para não ser continuada.” (Bauman 2001:111)
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o urbanismo
Para falar sobre o urbanismo, gostaria de retomar um pouco as idéias da Escola de Chicago, especialmente o texto de Louis Wirth ‘Urbanism as Way of Life’ publicado originalmente em 1938. As reflexões da Escola de Chicago têm uma importância fundamental para o urbanismo. Como participantes de um contexto de crescimento explosivo e descontrolado das cidades industriais americanas no início do século XX, sociólogos iniciam uma reflexão do que veio a ser chamado ‘sociologia urbana’. A escola de Chicago foi pioneira nas reflexões que tratam das relações sociais na cidade industrial – o urbanismo.
“O mundo contemporâneo já não mais apresenta o quadro de pequenos grupos humanos isolados, espalhados através de um vasto território, como Sumner descreveu a sociedade primitiva. A característica marcante do modo de vida do homem na idade moderna é a sua concentração em agregados gigantescos em torno dos quais está aglomerado um número menor de centros e de onde irradiam as idéias e as práticas que chamamos civilização. (...) As influencias que as cidades exercem sobre a vida social do homem são maiores do que poderia indicar a proporção da população urbana, pois a cidade não somente é, em graus sempre crescentes, a moradia e o local de trabalho do homem moderno.” (WIRTH, 1973:90)
“Já que a cidade é o produto do crescimento e não da criação instantânea, deve-se esperar que as influências que ela exerce sobre os modos de vida não sejam capazes de eliminar completamente os modos de associação humana que predominavam anteriormente.” (WIRTH, 1973:91) Aqui Wirth enfatiza que apesar da urbanização o homem trás para a cidade hábitos e costumes de sua vida ‘rural’.
Definindo um pouco mais o que seria a cidade, Wirth coloca: “A predominância da cidade, especialmente da grande cidade, poderá ser encarada como uma conseqüência da concentração, em cidades, de instalações e atividades industriais e comerciais, financeiras e administrativas, linhas de transporte e comunicação e de equipamento cultural e recreativo como imprensa, estações de rádio, teatros, bibliotecas, museus, salas de concerto, óperas, hospitais, instituições educacionais superiores, centros de pesquisa e publicação, organizações profissionais e instituições religiosas e beneficentes.” (WIRTH, 1975:93) A cidade é um ponto de aglomeração das relações que impulsionam as relações sociais. Logo este ponto de ligação comum entre as diversas atividades produzidas num espaço (urbano) se estende além dos limites do que podemos definir como cidade.
“Além do mais, podemos inferir que a vida rural levará a marca do urbanismo, à medida que sofre a influência das cidades através de contato e comunicação. Poderá servir de contribuição para o esclarecimento das declarações que se seguem, repetirmos que, embora o local do urbanismo como um modo de vida deva, evidentemente, ser achado caracteristicamente em localidades que preenchem os requisitos que estabeleceremos para a definição de cidade, o urbanismo não está confinado a tais localidades, mas manifesta-se em graus variáveis onde quer que cheguem as influências das cidades.” (WIRTH, 1975:95) (grifo nosso) Wirth chama atenção para sermos cautelosos na definição de cidade que é caracterizada por questões culturais locais e condicionantes históricos enquanto que o urbanismo é uma relação que se dá num espaço que vai além dos limites do lugar citadino.
“É de capital importância chamar-se a atenção para o perigo de se confundir urbanismo com industrialismo e capitalismo moderno. (...) Todavia por diferentes que possam ter sido as cidades de épocas anteriores pré-industrial e pré-capitalista, não deixavam de ser cidades. Para fins sociológicos, uma cidade pode ser definida como um núcleo relativamente grande, denso e permanente, de indivíduos socialmente heterogêneos.” (WIRTH, 1973:96)
“Os vínculos de parentesco, de urbanidade e os sentimentos característicos da vida em conjunto durante gerações sob uma tradição ‘folk’ comum tenderão a desaparecer e, no melhor dos casos, tenderão a ser fracos num agregado cujos membros apresentam origens e formação tão diversas.” (WIRTH, 1973:99) (...) “Numa comunidade composta de grande número de indivíduos que não se conhecem intimamente e cujo número é excessivo para se reunirem num só lugar, torna-se necessário efetuar a comunicação por meios indiretos e articular interesses individuais por um processo de delegação. Especificamente na cidade, os interesses são efetivados através de representação.” (WIRTH, 1973:102) (grifo nosso) Logo as relações que se dão num aglomerado urbano criam linguagens por um processo de representação que permitem uma inter-relação entre indivíduos que não se conhecem e não tem sem nenhuma relação de parentesco. Aqui então temos uma diferença fundamental entre o modo de vida ‘rural’ e o modo de vida ‘urbano’ – a família, as relações de parentesco tendem a perder importância. As relações se dão no campo das representações, aqui Wirth sugere um embrião do que Debord veio mais tarde a teorizar como ‘Sociedade do Espetáculo’.
Para Wirth o urbanismo é uma forma de organização social, daí ‘modo de vida’. “Os traços característicos do ‘modo de vida’ urbano têm sido descritos sociologicamente como consistindo na substituição de contatos primários por secundários, no enfraquecimento dos laços de parentesco e no declínio do significado social da família, no desaparecimento da vizinhança e na corrosão da base tradicional da solidariedade social.” (WIRTH, 1973:109) (...) “Como um todo, a cidade desencoraja uma vida econômica na qual o indivíduo, numa época de crise, tenha uma base de subsistência à qual recorrer, e desencoraja o emprego autônomo. Se bem que as rendas dos habitantes das cidades sejam maiores, em média, do que as do interior, parece que o custo de vida é maior nas cidades maiores.” (WIRTH, 1973:110) A vida econômica autônoma ou de subsistência, característica de uma sociedade ‘rural’ é alternada por uma vida econômica interdependente. A partir desta observação, sociólogos da Escola de Chicago desenvolvem suas teorias de ‘ecologia urbana’ ou ‘ecologia humana’
“Reduzido a um estágio de virtual impotência como indivíduo, o habitante urbano esforça-se para fazer parte de grupos organizados de interesses semelhantes para obter seus fins. Isso resulta numa enorme multiplicação de organizações voluntárias com um número de objetivos tão variados quanto às necessidades e interesses humanos. Embora de um lado os laços de associação humana estejam enfraquecidos, a existência urbana envolve um grau de interdependência maior entre os homens e uma forma mais complicada, frágil e volátil de inter-relações mútuas sobre muitas fases das quais o indivíduo como tal não consegue exercer quase nenhum controle. Frequentemente há apenas uma relação muito tênue entre a posição econômica ou outros fatores básicos que determinam a existência do indivíduo no mundo urbano e os grupos voluntários aos quais ele se acha filiado.” (WIRTH, 1973:110)
“Apesar do predomínio do urbanismo no mundo moderno, ainda sentimos falta de uma definição sociológica do que seja cidade, a qual levaria em conta, adequadamente, o fato de que, enquanto a cidade é o local característico do urbanismo, o modo de vida urbano não se confina às cidades. Para finalidades sociológicas, uma cidade é uma ficção relativamente grande, densa e permanente de indivíduos heterogêneos. Os grandes números são responsáveis pela variabilidade individual, pela relativa ausência de conhecimento pessoal íntimo, pela segmentação das relações humanas as quais são em grande parte anônimas, superficiais e transitórias e por características correlatas. A densidade envolve diversificação e especialização, a coincidência de contato físico estreito e relações sociais distantes, contrastes berrante, um padrão complexo de segregação, a predominância do controle social formal, e atrito acentuado, entre outros fenômenos. A heterogeneidade tende a quebrar estruturas sociais rígidas e a produzir maior mobilidade, instabilidade e insegurança, e a filiação de indivíduos e a uma variedade de grupos sociais opostos e tangenciais com um alto grau de renovação dos seu componentes. (...) O indivíduo, portanto, somente se torna eficaz através de grupos organizados.” (WIRTH, 1973:112-113)
o modo de vida
Completando um pouco mais as colocações de Wirth, o texto ‘A Metróple e a Vida Mental’ de Georg Simmel trás uma outra abordagem para a compreensão das relações entre indivíduos no meio urbano. Simmel diz que “a mente moderna se tornou mais e mais calculista. A exatidão calculista da vida prática, que a economia do dinheiro criou, corresponde ao ideal da ciência natural: transformar o mundo num problema aritimético, dispor todas as partes do mundo por meio de fórmulas matemáticas.” (SIMMEL, 1973:14) “O desenvolvimento da cultura moderna é caracterizado pela prepoderância do que poderia chamar de o ‘espírito objetivo’ sobre o ‘espírito subjetivo’. (SIMMEL, 1973:23) (grifo nosso) Logo qualquer valor cultural ‘subjetivo’ que não se encaixasse nos fins universais do projeto moderno eram menosprezados. A conseqüência desta postura foi o “retrocesso na cultura do indivíduo com relação a espiritualidade, delicadeza e idealismo. Essa discrepância resulta essencialmente da crescente divisão de trabalho. Pois a divisão de trabalho reclama do indivíduo um aperfeiçoamento cada vez mais unilateral. E um avanço grande no sentido de uma busca unilateral com muita freqüência significa a morte para a personalidade do indivíduo. Em qualquer caso, ele cada vez menos pode equiparar-se ao supercrescimento da cultura objetiva.” (SIMMEL, 1973:23) (grifo nosso)
“O indivíduo tornou-se um mero elo em uma enorme organização de coisas e poderes que arrancam de suas mãos todo o progresso, espiritualidade e valores, para transformá-los de sua forma subjetiva na forma de uma vida puramente objetiva.” (SIMMEL, 1973:23)
Segundo Simmel a vida torna-se fácil para a personalidade da pessoa que os estímulos, interesses, uso do tempo livre, consciência são dados pelo ‘espírito objetivo’. Assim a pessoa é conduzida numa corrente contínua onde a busca pela autenticidade é uma ‘opção’ desnecessária. Mas isto não impede que haja ‘correntes alternativas’ e “isso resulta em que o indivíduo apele para o extremo no que se refere à exclusividade e particularização, para preservar sua essência mais pessoal. Ele tem de exagerar esse elemento pessoal para permanecer perceptível até para si próprio. A atrofia da cultura individual através da hipertrofia da cultura objetiva é uma razão para o ódio amargo que os pregadores do mais extremado individualismo, Nietzsche acima de todos, votam à metrópole.” (SIMMEL, 1973:24) A questão do gosto individual passou a ser relevante no início do século XX, principalmente com os ‘economistas neoclássicos’ que procuravam – sob argumentos questionáveis – a satisfação de gostos individuais e não mais a imposição de um gosto coletivo. A particularidade passa a ser explorada pela economia, a pesquisa de público alvo, consumo dirigido, etc.
O ‘espírito objetivo’ pode ser entendido como uma abordagem da ‘alienação’ de Marx sob o ponto de vista do comportamento e da personalidade do indivíduo urbano. Mais tarde Debord retoma os conceitos ‘alienação’ e ‘separação’ sob outro ponto de vista (o que já discutimos). Não mais visto sob a divisão do trabalho no processo produtivo industrial e nem somente sob o modo de vida urbano, mas do ponto de vista da inter-relação entre indivíduos dada pela representação – a sociedade do espetáculo – algo que Wirth já prenunciava no seu texto de 1938.
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“O mundo contemporâneo já não mais apresenta o quadro de pequenos grupos humanos isolados, espalhados através de um vasto território, como Sumner descreveu a sociedade primitiva. A característica marcante do modo de vida do homem na idade moderna é a sua concentração em agregados gigantescos em torno dos quais está aglomerado um número menor de centros e de onde irradiam as idéias e as práticas que chamamos civilização. (...) As influencias que as cidades exercem sobre a vida social do homem são maiores do que poderia indicar a proporção da população urbana, pois a cidade não somente é, em graus sempre crescentes, a moradia e o local de trabalho do homem moderno.” (WIRTH, 1973:90)
“Já que a cidade é o produto do crescimento e não da criação instantânea, deve-se esperar que as influências que ela exerce sobre os modos de vida não sejam capazes de eliminar completamente os modos de associação humana que predominavam anteriormente.” (WIRTH, 1973:91) Aqui Wirth enfatiza que apesar da urbanização o homem trás para a cidade hábitos e costumes de sua vida ‘rural’.
Definindo um pouco mais o que seria a cidade, Wirth coloca: “A predominância da cidade, especialmente da grande cidade, poderá ser encarada como uma conseqüência da concentração, em cidades, de instalações e atividades industriais e comerciais, financeiras e administrativas, linhas de transporte e comunicação e de equipamento cultural e recreativo como imprensa, estações de rádio, teatros, bibliotecas, museus, salas de concerto, óperas, hospitais, instituições educacionais superiores, centros de pesquisa e publicação, organizações profissionais e instituições religiosas e beneficentes.” (WIRTH, 1975:93) A cidade é um ponto de aglomeração das relações que impulsionam as relações sociais. Logo este ponto de ligação comum entre as diversas atividades produzidas num espaço (urbano) se estende além dos limites do que podemos definir como cidade.
“Além do mais, podemos inferir que a vida rural levará a marca do urbanismo, à medida que sofre a influência das cidades através de contato e comunicação. Poderá servir de contribuição para o esclarecimento das declarações que se seguem, repetirmos que, embora o local do urbanismo como um modo de vida deva, evidentemente, ser achado caracteristicamente em localidades que preenchem os requisitos que estabeleceremos para a definição de cidade, o urbanismo não está confinado a tais localidades, mas manifesta-se em graus variáveis onde quer que cheguem as influências das cidades.” (WIRTH, 1975:95) (grifo nosso) Wirth chama atenção para sermos cautelosos na definição de cidade que é caracterizada por questões culturais locais e condicionantes históricos enquanto que o urbanismo é uma relação que se dá num espaço que vai além dos limites do lugar citadino.
“É de capital importância chamar-se a atenção para o perigo de se confundir urbanismo com industrialismo e capitalismo moderno. (...) Todavia por diferentes que possam ter sido as cidades de épocas anteriores pré-industrial e pré-capitalista, não deixavam de ser cidades. Para fins sociológicos, uma cidade pode ser definida como um núcleo relativamente grande, denso e permanente, de indivíduos socialmente heterogêneos.” (WIRTH, 1973:96)
“Os vínculos de parentesco, de urbanidade e os sentimentos característicos da vida em conjunto durante gerações sob uma tradição ‘folk’ comum tenderão a desaparecer e, no melhor dos casos, tenderão a ser fracos num agregado cujos membros apresentam origens e formação tão diversas.” (WIRTH, 1973:99) (...) “Numa comunidade composta de grande número de indivíduos que não se conhecem intimamente e cujo número é excessivo para se reunirem num só lugar, torna-se necessário efetuar a comunicação por meios indiretos e articular interesses individuais por um processo de delegação. Especificamente na cidade, os interesses são efetivados através de representação.” (WIRTH, 1973:102) (grifo nosso) Logo as relações que se dão num aglomerado urbano criam linguagens por um processo de representação que permitem uma inter-relação entre indivíduos que não se conhecem e não tem sem nenhuma relação de parentesco. Aqui então temos uma diferença fundamental entre o modo de vida ‘rural’ e o modo de vida ‘urbano’ – a família, as relações de parentesco tendem a perder importância. As relações se dão no campo das representações, aqui Wirth sugere um embrião do que Debord veio mais tarde a teorizar como ‘Sociedade do Espetáculo’.
Para Wirth o urbanismo é uma forma de organização social, daí ‘modo de vida’. “Os traços característicos do ‘modo de vida’ urbano têm sido descritos sociologicamente como consistindo na substituição de contatos primários por secundários, no enfraquecimento dos laços de parentesco e no declínio do significado social da família, no desaparecimento da vizinhança e na corrosão da base tradicional da solidariedade social.” (WIRTH, 1973:109) (...) “Como um todo, a cidade desencoraja uma vida econômica na qual o indivíduo, numa época de crise, tenha uma base de subsistência à qual recorrer, e desencoraja o emprego autônomo. Se bem que as rendas dos habitantes das cidades sejam maiores, em média, do que as do interior, parece que o custo de vida é maior nas cidades maiores.” (WIRTH, 1973:110) A vida econômica autônoma ou de subsistência, característica de uma sociedade ‘rural’ é alternada por uma vida econômica interdependente. A partir desta observação, sociólogos da Escola de Chicago desenvolvem suas teorias de ‘ecologia urbana’ ou ‘ecologia humana’
“Reduzido a um estágio de virtual impotência como indivíduo, o habitante urbano esforça-se para fazer parte de grupos organizados de interesses semelhantes para obter seus fins. Isso resulta numa enorme multiplicação de organizações voluntárias com um número de objetivos tão variados quanto às necessidades e interesses humanos. Embora de um lado os laços de associação humana estejam enfraquecidos, a existência urbana envolve um grau de interdependência maior entre os homens e uma forma mais complicada, frágil e volátil de inter-relações mútuas sobre muitas fases das quais o indivíduo como tal não consegue exercer quase nenhum controle. Frequentemente há apenas uma relação muito tênue entre a posição econômica ou outros fatores básicos que determinam a existência do indivíduo no mundo urbano e os grupos voluntários aos quais ele se acha filiado.” (WIRTH, 1973:110)
“Apesar do predomínio do urbanismo no mundo moderno, ainda sentimos falta de uma definição sociológica do que seja cidade, a qual levaria em conta, adequadamente, o fato de que, enquanto a cidade é o local característico do urbanismo, o modo de vida urbano não se confina às cidades. Para finalidades sociológicas, uma cidade é uma ficção relativamente grande, densa e permanente de indivíduos heterogêneos. Os grandes números são responsáveis pela variabilidade individual, pela relativa ausência de conhecimento pessoal íntimo, pela segmentação das relações humanas as quais são em grande parte anônimas, superficiais e transitórias e por características correlatas. A densidade envolve diversificação e especialização, a coincidência de contato físico estreito e relações sociais distantes, contrastes berrante, um padrão complexo de segregação, a predominância do controle social formal, e atrito acentuado, entre outros fenômenos. A heterogeneidade tende a quebrar estruturas sociais rígidas e a produzir maior mobilidade, instabilidade e insegurança, e a filiação de indivíduos e a uma variedade de grupos sociais opostos e tangenciais com um alto grau de renovação dos seu componentes. (...) O indivíduo, portanto, somente se torna eficaz através de grupos organizados.” (WIRTH, 1973:112-113)
o modo de vida
Completando um pouco mais as colocações de Wirth, o texto ‘A Metróple e a Vida Mental’ de Georg Simmel trás uma outra abordagem para a compreensão das relações entre indivíduos no meio urbano. Simmel diz que “a mente moderna se tornou mais e mais calculista. A exatidão calculista da vida prática, que a economia do dinheiro criou, corresponde ao ideal da ciência natural: transformar o mundo num problema aritimético, dispor todas as partes do mundo por meio de fórmulas matemáticas.” (SIMMEL, 1973:14) “O desenvolvimento da cultura moderna é caracterizado pela prepoderância do que poderia chamar de o ‘espírito objetivo’ sobre o ‘espírito subjetivo’. (SIMMEL, 1973:23) (grifo nosso) Logo qualquer valor cultural ‘subjetivo’ que não se encaixasse nos fins universais do projeto moderno eram menosprezados. A conseqüência desta postura foi o “retrocesso na cultura do indivíduo com relação a espiritualidade, delicadeza e idealismo. Essa discrepância resulta essencialmente da crescente divisão de trabalho. Pois a divisão de trabalho reclama do indivíduo um aperfeiçoamento cada vez mais unilateral. E um avanço grande no sentido de uma busca unilateral com muita freqüência significa a morte para a personalidade do indivíduo. Em qualquer caso, ele cada vez menos pode equiparar-se ao supercrescimento da cultura objetiva.” (SIMMEL, 1973:23) (grifo nosso)
“O indivíduo tornou-se um mero elo em uma enorme organização de coisas e poderes que arrancam de suas mãos todo o progresso, espiritualidade e valores, para transformá-los de sua forma subjetiva na forma de uma vida puramente objetiva.” (SIMMEL, 1973:23)
Segundo Simmel a vida torna-se fácil para a personalidade da pessoa que os estímulos, interesses, uso do tempo livre, consciência são dados pelo ‘espírito objetivo’. Assim a pessoa é conduzida numa corrente contínua onde a busca pela autenticidade é uma ‘opção’ desnecessária. Mas isto não impede que haja ‘correntes alternativas’ e “isso resulta em que o indivíduo apele para o extremo no que se refere à exclusividade e particularização, para preservar sua essência mais pessoal. Ele tem de exagerar esse elemento pessoal para permanecer perceptível até para si próprio. A atrofia da cultura individual através da hipertrofia da cultura objetiva é uma razão para o ódio amargo que os pregadores do mais extremado individualismo, Nietzsche acima de todos, votam à metrópole.” (SIMMEL, 1973:24) A questão do gosto individual passou a ser relevante no início do século XX, principalmente com os ‘economistas neoclássicos’ que procuravam – sob argumentos questionáveis – a satisfação de gostos individuais e não mais a imposição de um gosto coletivo. A particularidade passa a ser explorada pela economia, a pesquisa de público alvo, consumo dirigido, etc.
O ‘espírito objetivo’ pode ser entendido como uma abordagem da ‘alienação’ de Marx sob o ponto de vista do comportamento e da personalidade do indivíduo urbano. Mais tarde Debord retoma os conceitos ‘alienação’ e ‘separação’ sob outro ponto de vista (o que já discutimos). Não mais visto sob a divisão do trabalho no processo produtivo industrial e nem somente sob o modo de vida urbano, mas do ponto de vista da inter-relação entre indivíduos dada pela representação – a sociedade do espetáculo – algo que Wirth já prenunciava no seu texto de 1938.
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sábado, 7 de março de 2009
sobre registros sonoros [paisagens sonoras] e cinema no celular com GPS

O escoitar.org é um site que mapeia paisagens sonoras na Galícia.
O projeto é restrito a paisagens gravadas em províncias da região, mas qualquer pessoa pode efetuar o cadastro pra ver como a coisa funciona direitinho.
O site tem um lugar reservado para publicação de pequenos artigos sobre os locais já mapeados.
Como se fosse um outro nível de navegação mesmo, em que você pode ouvir a paisagem e saber mais sobre aquele lugar.
Sobre o aparato tecnológico, foi utilizado o CMS SPIP, e a partir dele foi criado um plugin que conversa com o google maps. Sabe o que é mais legal? O plugin e tudo mais que precisou ser desenvolvido para o projeto, está disponível pra download.
O texto que explica escoitar, demonstra uma preocupação de seus idealizadores em construir um patrimônio cultural imaterial, com objetivo de conservar a memória sonora da Galícia.
http://www.escoitar.org/
GPSFILM "The Using Of" from GPSFILM on Vimeo.
GPSFILM “The Using Of” from GPSFILM on Vimeo.
O GPS Film, do artista Scott Hessel é um software que “conversa” com o GPS e as câmeras dos celulares, possibilitando que qualquer usuário faça filmes geolocalizados, que inclusive já estão prontos pra compartilhamento.
Funciona como um cinema vivo orientado por localização.
Por exemplo, se eu estou na Praça da Liberdade agora e faço um filme lá - usando o software - dentro de segundos outra pessoa, que também tem o GPS Film instalado, pode procurar por esse ponto e encontrar o vídeo que eu fiz.
E pensem nisso em escala global. Legal, né?
Ah, e ainda tem um detalhe que faz toda a diferença, o software é open source, apesar de rodar só em Windows Mobile.
Então, se você tem um celular com sistema operacional windows, vai lá, faz o download e testa que deve valer a pena.
http://www.gpsfilm.com
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aula 5 - [atividade prática] AP02 - paisagem e espaço
Atividade da Aula:
Leitura do texto publicado no blog do professor e elaboração de um comentário à partir dos questionamentos colocados; inclusão no seu blog de um novo post com fotos ou registros sonoros ou vídeos acompanhados de um pequeno texto.
Frequência da Aula:
Execução completa da atividade prevista para esta aula garante a presença. [atividade em sala de aula é de livre frequencia - exibição do filme - Encontros e Desencontros com comentários do professor]
Questões:
Texto 1 - paisagem e espaço
Nas fotos, registros sonoros ou vídeos que você vai produzir esta semana para a atividade prática 02, procure perceber e expressar como a dinâmica temporária da sociedade produz e transforma constantemente a paisagem da cidade.
Texto 2 - espacialidade, eventos, ações
(imagens = planos bi-dimensionais que contém informações. ex: fotos, outdoor, placas, sinais, pinturas, fachadas, painéis eletrónico, placares, projeções etc.).
A produção de imagens constitui um dos elementos de paisagem. Procure nos seus registros perceber e expressar como as imagens tem o potencial de codicionar, apoiar, causar, eventos/ações nos espaços públicos da cidade.
Filme de Referência:

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Leitura do texto publicado no blog do professor e elaboração de um comentário à partir dos questionamentos colocados; inclusão no seu blog de um novo post com fotos ou registros sonoros ou vídeos acompanhados de um pequeno texto.
Frequência da Aula:
Execução completa da atividade prevista para esta aula garante a presença. [atividade em sala de aula é de livre frequencia - exibição do filme - Encontros e Desencontros com comentários do professor]
Questões:
Texto 1 - paisagem e espaço
Nas fotos, registros sonoros ou vídeos que você vai produzir esta semana para a atividade prática 02, procure perceber e expressar como a dinâmica temporária da sociedade produz e transforma constantemente a paisagem da cidade.
Texto 2 - espacialidade, eventos, ações
(imagens = planos bi-dimensionais que contém informações. ex: fotos, outdoor, placas, sinais, pinturas, fachadas, painéis eletrónico, placares, projeções etc.).
A produção de imagens constitui um dos elementos de paisagem. Procure nos seus registros perceber e expressar como as imagens tem o potencial de codicionar, apoiar, causar, eventos/ações nos espaços públicos da cidade.
Filme de Referência:

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aula 4 - espacialidade, eventos, ações
Sistemas de objetos e sistemas de ações interagem. De um lado, os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado, o sistema de ações leva à criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos preexistentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma. (SANTOS, 2002, pg. 63)
Os objetos e as ações – o espaço e a espacialidade se interagem constantemente, o espaço condiciona a ação assim como a ação produz um outro espaço. Uma dinâmica constante. As espacialidades podem acontecer em diversos momentos, podem acontecer simultaneamente compartilhando o mesmo espaço e podem ter períodos (duração) diferentes. As espacialidades são múltiplas o espaço é único. “(...) um evento é um instante do tempo dando-se em um ponto do espaço’ (...). (SANTOS, 2002, pg. 144)

Estes conceitos extraídos de Santos e Lefebvre, ilustrado na figura 1 acima, são uma simplificação de estudos que vão muito mais além do que comentamos, vale lembrar que Lefebvre escreve um livro para explicar esta relação (o espaço socialmente produzido), então, vamos simular um pouco esta teoria com alguns exemplos.
Evento:
Aula
Espaço:
O espaço é todo um sistema espacial socialmente produzido que condiciona a aula (a ação). Ou seja, para uma descrição bem rasa do que é esta condição sócio-espacial temos, a estrutura institucional, o projeto pedagógico do curso, os planos de ensino, as informações, os livros, as mesas, as cadeiras, os equipamentos de áudio-visual, etc. Repare que espaço não é apenas material, a matéria ou a materialização das ações – fazer uma cadeira – é um passado, logo – paisagem. Mas a mesma carteira, que é uma paisagem da sua própria manufatura é no presente uma condição espacial, uma condição para se produzir um outro espaço e ter como resultado uma paisagem transformada.
Paisagem:
A sala de aula é uma paisagem, paisagem por exemplo da obra que a construiu, uma ação, um evento passado. A posição das carteiras é uma paisagem da ação – limpar – produzida pelos faxineiros num evento que é passado, logo paisagem. Ao fim da aula, as carteiras reviradas, o quadro escrito, o chão sujo é uma paisagem do evento aula que enquanto presente era um espaço socialmente produzido – para Lefebvre, simplesmente, espaço.
Concluído, para o momento, de forma bastante simplificada a questão – espaço. A paisagem, sempre passado, é a materialização do espaço socialmente produzido. A paisagem é a materialização do espaço. O espaço por sua vez é a multiplicação inter-relacionada dos fatores espaço (condicionantes/sistemas) e eventos(ações).
Se a paisagem, é tudo que pode ser visto, logo é imagem. Enquanto imagem, a paisagem também faz parte de um sistema de objetos e automaticamente torna-se espaço. Ou seja a paisagem é espaço. Imagem é espaço; imagem condiciona eventos.
Os objetos e as ações – o espaço e a espacialidade se interagem constantemente, o espaço condiciona a ação assim como a ação produz um outro espaço. Uma dinâmica constante. As espacialidades podem acontecer em diversos momentos, podem acontecer simultaneamente compartilhando o mesmo espaço e podem ter períodos (duração) diferentes. As espacialidades são múltiplas o espaço é único. “(...) um evento é um instante do tempo dando-se em um ponto do espaço’ (...). (SANTOS, 2002, pg. 144)

Estes conceitos extraídos de Santos e Lefebvre, ilustrado na figura 1 acima, são uma simplificação de estudos que vão muito mais além do que comentamos, vale lembrar que Lefebvre escreve um livro para explicar esta relação (o espaço socialmente produzido), então, vamos simular um pouco esta teoria com alguns exemplos.
Evento:
Aula
Espaço:
O espaço é todo um sistema espacial socialmente produzido que condiciona a aula (a ação). Ou seja, para uma descrição bem rasa do que é esta condição sócio-espacial temos, a estrutura institucional, o projeto pedagógico do curso, os planos de ensino, as informações, os livros, as mesas, as cadeiras, os equipamentos de áudio-visual, etc. Repare que espaço não é apenas material, a matéria ou a materialização das ações – fazer uma cadeira – é um passado, logo – paisagem. Mas a mesma carteira, que é uma paisagem da sua própria manufatura é no presente uma condição espacial, uma condição para se produzir um outro espaço e ter como resultado uma paisagem transformada.
Paisagem:
A sala de aula é uma paisagem, paisagem por exemplo da obra que a construiu, uma ação, um evento passado. A posição das carteiras é uma paisagem da ação – limpar – produzida pelos faxineiros num evento que é passado, logo paisagem. Ao fim da aula, as carteiras reviradas, o quadro escrito, o chão sujo é uma paisagem do evento aula que enquanto presente era um espaço socialmente produzido – para Lefebvre, simplesmente, espaço.
Concluído, para o momento, de forma bastante simplificada a questão – espaço. A paisagem, sempre passado, é a materialização do espaço socialmente produzido. A paisagem é a materialização do espaço. O espaço por sua vez é a multiplicação inter-relacionada dos fatores espaço (condicionantes/sistemas) e eventos(ações).
Se a paisagem, é tudo que pode ser visto, logo é imagem. Enquanto imagem, a paisagem também faz parte de um sistema de objetos e automaticamente torna-se espaço. Ou seja a paisagem é espaço. Imagem é espaço; imagem condiciona eventos.
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aula 4 - paisagem e espaço
“A rigor a paisagem é apenas a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão”. (SANTOS, 2002, pg. 103) Mas Santos trás uma nova reflexão acerca da paisagem pode ser mais que isso. A paisagem é o que podemos ver, mas ela trás consigo algumas características essenciais à compreensão do espaço.
É interessante como Santos coloca a questão da paisagem como um momento histórico temporal, logo a paisagem é um passado, um fato histórico e o espaço é sempre presente. “A paisagem é história congelada, mas participa da história viva.” (SANTOS, 2002, pg. 107, grifo nosso) Ou seja a paisagem, ainda que faça parte de um espaço (que é sempre presente) é passado. A paisagem é um resultado final do acúmulo de presentes que coexistem no espaço.
A paisagem diz respeito às coisas e aos objetos. Podemos considerar a paisagem como um resultado e ao mesmo tempo condicionante material do espaço numa construção transversal e transtemporal como coloca Santos:
A paisagem se dá como conjunto de objetos reais-concretos. Nesse sentido a paisagem é transtemporal, juntando objetos passados e presentes, uma construção transversal. O espaço é sempre um presente, uma construção horizontal, uma situação única. (SANTOS, 2002, pg. 103, grifo nosso)
A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homens e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. (SANTOS, 2002, pg. 103)
Segundo Santos, podemos dizer que a paisagem é relativa ao material, um sistema material e o espaço à ação que dinamiza e transforma a paisagem, ou seja, um sistema de valores. “[..] A paisagem é, pois, um sistema material e, nessa condição, relativamente imutável: o espaço é um sistema de valores que se transforma permanentemente. [...]” (SANTOS, 2002, pg. 103) O espaço é dotado de tempo, é sempre um presente porque sua dinâmica temporária é constante, não para. A paisagem pode ser de um tempo outro que não o presente. Se não é presente, logo a paisagem é referente a algo passado. A paisagem enquanto passado pode ser perfeitamente desprovida de um tempo contínuo, sem a dimensão temporal.
Santos aproxima o espaço do cotidiano urbano ao afirmar que o espaço é a sociedade encaixada na paisagem. E a partir deste momento podemos falar de uma paisagem humana. Aqui também podemos fazer um paralelo a Lefebvre que fala insistentemente da relação de uma sociedade e de um corpo social na produção do espaço.
Segundo C. Reboratti (1993, p.17) ‘a paisagem humana é uma combinação de vários tempos presentes’. Na verdade, paisagem e espaço são sempre uma espécie de palimpsesto onde, mediante acumulações e substituições, a ação das diferentes gerações se superpõe. O espaço constitui a matriz sobre a qual as novas ações substituem as ações passadas. É ele, portanto, presente, porque passado e futuro. (SANTOS, 2002, pg. 103 e 104, grifo nosso)
A paisagem é um instrumento para entender o espaço e tratar suas questões, “[...] a paisagem é apenas uma abstração, apesar de sua concretude como coisa material. [...]” (SANTOS, 2002, pg. 108) Aqui temos a hipótese de que a paisagem é um produto, uma abstração criada pelo homem que o permite falar, perceber e analisar o espaço. A paisagem é uma construção histórica e é através dela que nós podemos estudar o espaço.

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É interessante como Santos coloca a questão da paisagem como um momento histórico temporal, logo a paisagem é um passado, um fato histórico e o espaço é sempre presente. “A paisagem é história congelada, mas participa da história viva.” (SANTOS, 2002, pg. 107, grifo nosso) Ou seja a paisagem, ainda que faça parte de um espaço (que é sempre presente) é passado. A paisagem é um resultado final do acúmulo de presentes que coexistem no espaço.
A paisagem diz respeito às coisas e aos objetos. Podemos considerar a paisagem como um resultado e ao mesmo tempo condicionante material do espaço numa construção transversal e transtemporal como coloca Santos:
A paisagem se dá como conjunto de objetos reais-concretos. Nesse sentido a paisagem é transtemporal, juntando objetos passados e presentes, uma construção transversal. O espaço é sempre um presente, uma construção horizontal, uma situação única. (SANTOS, 2002, pg. 103, grifo nosso)
A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homens e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. (SANTOS, 2002, pg. 103)
Segundo Santos, podemos dizer que a paisagem é relativa ao material, um sistema material e o espaço à ação que dinamiza e transforma a paisagem, ou seja, um sistema de valores. “[..] A paisagem é, pois, um sistema material e, nessa condição, relativamente imutável: o espaço é um sistema de valores que se transforma permanentemente. [...]” (SANTOS, 2002, pg. 103) O espaço é dotado de tempo, é sempre um presente porque sua dinâmica temporária é constante, não para. A paisagem pode ser de um tempo outro que não o presente. Se não é presente, logo a paisagem é referente a algo passado. A paisagem enquanto passado pode ser perfeitamente desprovida de um tempo contínuo, sem a dimensão temporal.
Santos aproxima o espaço do cotidiano urbano ao afirmar que o espaço é a sociedade encaixada na paisagem. E a partir deste momento podemos falar de uma paisagem humana. Aqui também podemos fazer um paralelo a Lefebvre que fala insistentemente da relação de uma sociedade e de um corpo social na produção do espaço.
Segundo C. Reboratti (1993, p.17) ‘a paisagem humana é uma combinação de vários tempos presentes’. Na verdade, paisagem e espaço são sempre uma espécie de palimpsesto onde, mediante acumulações e substituições, a ação das diferentes gerações se superpõe. O espaço constitui a matriz sobre a qual as novas ações substituem as ações passadas. É ele, portanto, presente, porque passado e futuro. (SANTOS, 2002, pg. 103 e 104, grifo nosso)
A paisagem é um instrumento para entender o espaço e tratar suas questões, “[...] a paisagem é apenas uma abstração, apesar de sua concretude como coisa material. [...]” (SANTOS, 2002, pg. 108) Aqui temos a hipótese de que a paisagem é um produto, uma abstração criada pelo homem que o permite falar, perceber e analisar o espaço. A paisagem é uma construção histórica e é através dela que nós podemos estudar o espaço.

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