quinta-feira, 4 de junho de 2009

TRABALHO FINAL

TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA
VALOR: 40 pontos

O Trabalho
Caminhadas pela Cidade e Registros (foto, vídeo e som).

Apresentação/Entrega
Publicação do Registro. (Performance, Exposição de Fotografias, Exibição de Vídeo, Cartazes com Textos, etc.)
Local: Atelie 24h. Prazo: até 02 de julho.

TEMAS

TEMA 1:
A Cidade Líquida
A cidade é o campo de tramas e relações no qual adentra o corpo do caminhante. Para onde vai? Como vai? O que cria ao passar? O que leva e o que traz da experiência do caminho? O corpo na cidade cria um movimento de inscrição invisível, passa. Na sua memória, sente as vibrações de um campo que não pára de movimentar-se e pulsar.
A cidade do caminhante é um campo de afetos, um lugar de estímulos, em que a cada momento, no seu embate corporal com o espaço, sensações e percepções lhe vêm, o seu corpo se vê afetar o mundo e por ele ser afetado.
Esta cidade feita do fugaz, daquilo que existe no espaço e no tempo da experiência, que não se fixa, que pulsa a todo instante, esta cidade vivida pelo caminhante é a cidade l.qüida. Uma cidade que nasce de um olhar que não vê o que está construído, mas os espaços vazios, intersticiais, os restos, os fl uxos, aquilo que é transitório. É deste tipo de olhar que surge um questionamento como o de Ignasi de Solá-Morales:

Existe uma arquitetura materialmente lIqüida, atenta e configuradora não de estabilidade, mas de transformação, e portanto lidando com a fluidez que a realidade oferece? É possível pensar uma arquitetura do tempo mais do que uma arquitetura do espaço? Uma arquitetura cujo objetivo seja não de ordenar a dimensão extensa, mas o movimento e a duração? (Ignasi Solá-Morales)

TEMA2:
INVENTAR A CIDADE
A possibilidade de inventar sua própria cidade na cidade herdada, de liqüefazer as estruturas fixas das instituições em experiências fugazes, está no centro dos caminhares enquanto poéticas. Os artistas caminhantes
formulam-se e formulam as suas cidades ao caminhar.
Algo é dito numa caminhada que não poderia ser dito com palavras. É neste sentido que, segundo Certeau, “o ato de caminhar parece portanto encontrar uma primeira definição como espaço de enunciação”. Ou ainda, como diz o artista-caminhante Francis Alÿs, a invenção da linguagem se dá junto com a invenção da cidade. Cada uma das minhas intervenções é um fragmento da cidade que estou inventando, da cidade que estou mapeando.


PROCEDIMENTOS

AFETAR-SE
Afetar-se é deixar-se aberto para o encontro com os caminhos, com os lugares, com a cidade, com os outros corpos. Como um ato fundante, inaugura no corpo a possibilidade de ser afetado por forças externas e uma consciência de que pode afetar, como uma outra força, os contextos nos quais se insere. Como uma percepção mais fi na e sutil, ligado ao “corpo vibrátil” (Rolnik2006), pode ser um princípio da relação do corpo com a cidade e nesse encontro, a atenção e abertura à experiência situada.
escutar
perceber
sentidos
trocar
“transubstanciar-se”
ir além do próprio corpo, tocar
situar-se
estar aberto

COLETAR
Coletar: recolher, trazer, selecionar, capturar, apropriar-se. Coletar instantes pelo caminho, com o uso da câmera fotográfica, coletar o caminho através do vídeo, coletar objetos, coletar sensações. O caminhante, ao viver o caminho, seleciona da experiência aquilo que quer levar. Coletar é um dos seus procedimentos poéticos. Ao coletar, o caminhante prepara instrumentos/procedimentos de coleta. Para coletar, o caminhante constrói um olhar/relação seletivo, o que o interessa do espaço vivido.
Coletar pedras
Coletar lama
Coletar metais
Coletar instantes
Coletar situações e acontecimentos fugidios
Coletar sensações
Coletar histórias
Coletar lugares com palavras

DESLOCAR-SE
Deslocar: ação de mover elementos dentro e a partir de determinado contexto. Subversão da ordem que constitui determinado lugar, inversão nas representações de um contexto, transformações da paisagem. Existe uma dimensão física e uma dimensão simbólica do deslocar. Deslocamentos na cidade podem ser vistos como acontecimentos. O próprio caminhar é o deslocamento do corpo no espaço. Por isso, são acontecimentos poéticos, que se transformam em imagens. O que está nos contexto e no lugar, antes invisível, mas com a força, a potência( vir a ser) de revelar-se. Aquilo que pulsa no lugar, e que pede espaço para manifestar-se visível. Aquilo que tem a urgência, no corpo do artista, de se tornar dizível, manifesto.
Deslocar pedras
Deslocar gravetos
Deslocar o corpo
Deslocar um cubo de gelo
Deslocar uma duna
Deslocar uma imagem
Deslocar paisagens
Deslocar símbolos

INSCREVER
Inscrever é uma ação de demarcar. Demarcar, deixar rastros, deixarse de certa forma ao longo de um caminho. Intervir. É possível, no entanto, inscrever de diferentes maneiras e em diferentes espaços. Há a inscrição no caminho propriamente dito, como a marca de um percurso que se torna visível, a visualidade do rastro do corpo a caminho. Há a inscrição na imagem que se coleta do caminho. Há a inscrição no campo de signifi cados de determinado caminho. Inscrições são dizeres, formas de dizer, algo que se quer evidenciar.
Inscrever rastros
Inscrever desejos
Inscrever os passos
Inscrever uma linha
Inscrever um símbolo
Imscrever a forma do corpo
Inscrever círculos e linhas




Duas formas de inscrição: na primeira, o caminhante deixa cair, ao longo ao caminho, uma linha de tinta, demarcando-o. A outra, o corpo do caminhante inscreve o seu lugar, agora social, no espaço da cidade.

BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA:

CARVALHO, Beatriz Falleiros Rodrigues (2007). Caminhar na cidade: experiência e representação nos caminhares de Richard Long e Francis Alÿs; depoimentos de uma pesquisa poética. São Paulo: FAU/USP.
disponível para download em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=124632

JACQUES, Paola Berenstein (2001). Estética da Ginga: a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra.

SOLÁ-MORALES, Ignasi (2002)a . Inscripciones. Barcelona: Gustavo Gilli.

SANTOS, Milton (2002). A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

AUGÈ, Marc (1994). Não–Lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade. Tradução Maria Lúcia Pereira. Campinas, São Paulo: editora Papirus.

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